Tópico: Qual a boneca mais bonita?

Data: 04-03-2010

De: Cristin@

Assunto: "Preto no branco"?...Ou será, "Branco no preto"?

Olá Glicéria e às outras colegas que, mesmo não comentando este post, também passaram ou passarão por aqui (quantas vezes eu faço isso... É que não dá para "palpitar" em todos, :o)
A questão do racismo é uma realidade...mesmo entre a mesma cor. Entre os "brancos", os olhos verdes, ou azuis sempre foram sobrevalorizados relativamente aos castanhos (que eu orgulhosamente tenho). Uma vez vi um documentário que os "pretos", homens ou mulheres, preferem um parceiro da mesma cor, mas os mais desejados são os mais "claros" (os mulatos)...
Socialmente foi atribuído um significado às cores preto e branco de conceitos opostos: de noite e dia, de trevas e luz, de guerra e paz, de ansiedade e tranquilidade...
Mesmo técnicamente o preto é considerado a ausência de cor, enquanto o branco é a mistura de todas as cores...
Mas se nos alhearmos do preto e branco e passarmos ao verde e vermelho, que tantas vezes utilizamos para assinalar momentos ou regras, quantos de nós utilizam, ou já utilizaram, o verde para a permissão e o vermelho para a proibição?
Não me preocupa que uma criança preta ache a boneca branca mais bonita, ou vice-versa, porque "gostos não se discutem", já diz a velhinha máxima. O racismo é muito mais que a cor ... são as atitudes. Por menos, ou nada racistas, que nos sintamos quantos de nós já não olharam para um bebé preto e pensou "como eles são bonitos quando são pequeninos"... São exactamente tão bonitos quantos os brancos, que também quando crescem ficam "fora" do padrão de beleza institucionalizado pelas revistas e concursos de beleza. Desculpem se me estou a alongar, mas não resisto a contar uma história que se passou com uma amiga minha cuja primeira filha nasceu morena e de olhos castanhos. Cinco anos depois teve uma segunda filha, loira e de olhos azuis. Os amigos quando viam a criança mais nova frequentemente faziam este comentário: "É tão bonita. Não é nada parecida com a mais velha.". E efectivamente não era, mas o que a criança mais velha ouvia era "É tão bonita...não é nada parecida com a mais velha"...que pela lógica dela equivalia a que dissessem que se não era parecida e era bonita, ela (a mais velha) seria feia... Este raciocínio foi feito por uma criança de cinco anos, que felizmente o manifestou e que, sem grandes problemas, a mãe resolveu com a lógica do afecto.
Tenho um amigo cego que considero um "ensinador do olhar"... Com ele já aprendi a "ver melhor" em variadas situações... Como educadores teremos de ter disponibilidade para aprender a ver para podermos desenvolver competências na arte do olhar, porque os afectos são de todas as cores...

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Glicéria Gil Portimão, Portugal