Notas soltas

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Ser Educador de Infância: Dimensões e Componentes da Profissão 

 23/10/2009

Sou do tempo que Bolonha era só a capital e a maior cidade da região da Emília-Romanha, Itália.Certamente que a Filipa é do tempo da cidade Bolonha+declaração de Bolonha, pelo que as dimensões colocadas infra (penso que do conhecimento de toda a gente) poderão eventualmente servir para lançar, se for caso disso, o debate sobre o assunto. A formação está toda viradinha (teoricamente) para estes princípios e provavelmente a Filipa estará bem por dentro e poderá dizer-me mais qualquer coisa sobre o assunto... Achei pertinente a colocação deste tópico, mesmo considerando que o mesmo se enquadra no tipo de tema destinado a recolher informação para a realização de trabalhinho de curso. Estarei enganada?
Então vamos lá às ditas dimensões: 
O educador/professor do ensino básico deverá possuir qualificações e competências necessárias para o desempenho profissional docente e para a aprendizagem ao longo da vida, com base num projecto de formação que contemple:
• uma dimensão profissional, social e ética da actividade docente; 
• uma dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem num quadro de uma relação pedagógica de qualidade, integrando, com critérios de rigor científico e metodológico, conhecimentos das áreas que o fundamentam; 
• uma dimensão de participação na escola e de relação com a comunidade; 
• uma dimensão de desenvolvimento profissional ao longo da vida, incorporando a sua formação como elemento constitutivo da prática profissional mediante a análise problematizada da sua prática pedagógica e a reflexão fundamentada sobre a construção da profissão, em cooperação com outros profissionais; 
• uma dimensão de investigação e de agente de inovação pedagógica, tendo em conta o papel reflexivo e criador no processo educativo que os educadores/professores são chamados a exercer de forma colaborativa. 

 ... 

Vamos lá então, em conjunto, procurar responder à sua questão. Vou lançar-lhe pistas que poderão orientá-la na selecção do que para si será mais importante. Sabe definir competência? Sabe definir competência social? Poder-se-á falar de uma só competência ou de várias competências? O que terá a competência social a ver com a consciência social e a interacção com os outros? Conhece o enquadramento organizacional de um agrupamento de escolas? Sabe o que é e como funciona um departamento curricular? Sabe o que é que a sociedade em geral e os agrupamentos de escolas em particular esperam do educador? Sabe relacionar a(s) ditas competência(s) sociais do educador em função do seu desempenho? O que é trabalhar bem e conseguir bons resultados? Competência e comportamentos de cidadania dizem-lhe alguma coisa? 
Não sei como é que está a estruturar o seu trabalho, mas pelas suas indicações parece que ainda não pensou muito no assunto … primeiro tem que procurar responder à sua questão através de um processo de formulação de conhecimento e ao faze-lo vai encontrar o caminho que lhe permite vir a saber o que é a competência social de um educador. 
Neste fórum, como em qualquer outro são as trocas de opinião, as reflexões sobre os assuntos, as questões que se colocam à discussão que nos abrem os horizontes. Mas esse enriquecimento do conhecimento ultrapassa a simples tentativa de colocarmos uma questão e esperarmos que alguém prestável nos ajude a responder à mesma, sem previamente termos feito o trabalho de casa, definido concretamente as nossas dúvidas, confrontá-las com as nossas certezas(?) e assim formarmos a nossa própria opinião/reflexão/tese sobre o assunto. 

...

Agradou-me a pertinência do seu comentário porque julgo que tocou numa questão relevante nos currículos da formação inicial dos educadores e não só. 
"... caminho pelo qual só podemos enveredar se tivermos muitas certezas do nosso passo" 
Esta questão das certezas para mim é sempre dúbia. Poderemos nos dias de hoje ter certezas? E que certezas deverão ter os educadores? 
Também coloca a questão das ditas "violências" e o papel do educador na denúncia desses casos, que para mim é uma questão teoricamente clara, mas que na prática as coisas ficam confusas... será que os educadores reconhecem e entendem que uma das suas responsabilidades é denunciar esses casos? Ou continuamos ainda naquela de deixarmos ao livre arbítrio? 

 ...

Não poderia estar mais de acordo. O educador, como modelo que é, deverá ter consciência do seu papel como potenciador de ritmos de desenvolvimento e aprendizagem diversificada, de exigência na qualidade dos conteúdos aprendidos e das competências desenvolvidas. 
Filipa, vi que anda às voltas com os conceitos, que já vai delineando o seu percurso e construindo o seu conhecimento. Força, porque já tem muitos “ingredientes” para “cozinhar” um bom trabalho. Espero que as nossas “ conversas”  tenham ou venham a condimentar bem o seu “prato”. Lembre-se que sal a mais é nocivo, mas se ficar insonso também ninguém lhe pega. 
Para terminar deixo aqui uma conversa entre um avô índio e o seu neto. 

O Avô índio disse ao neto:
- Todos temos dentro de nós o lobo bom e o lobo mau.
- Qual a diferença entre os dois lobos? Pergunta o neto.
- O lobo bom é amigo, ama, acolhe a todos, não é violento, respeita as pessoas, propaga o bem, colabora, participa, debate ideias, promove encontros, a empatia e a paz, etc.
- O lobo mau é violento, egoísta, provoca brigas, destrói a natureza, promove desencontros, implanta inimizades, desrespeito, inveja, ciúmes, ignorância, etc.responde o avô.
- Qual deles é que sobreviverá? questiona o neto.
- Aquele que tu alimentares, responde o avô.

 ...

Retomando o fio à meada ou se preferirem dando um nó na ponta que é para não desfiar...permitam-me partilhar convosco este pequeno texto. 

"Era uma vez um granjeiro. Era um granjeiro incomum, intelectual e progressista.
Estudou administração, para que sua granja funcionasse cientificamente. Não satisfeito, fez um doutorado em criação de galinhas.
No curso de administração, aprendeu que, num negócio, o essencial é a produtividade. O improdutivo dá prejuízo; deve, portanto, ser eliminado.
Aplicado à criação de galinhas, esse princípio se traduz assim: galinha que não bota ovo não vale a ração que come. Não pode ocupar espaço no galinheiro. Deve, portanto, ser transformada em cubinhos de caldo de galinha.
Com o propósito de garantir a qualidade total de sua granja, o granjeiro estabeleceu um rigoroso sistema de controle da produtividade de suas galinhas. “Produtividade de galinhas” é um conceito matemático que se obtém dividindo-se o número de ovos botados pela unidade de tempo escolhida. Galinhas cujo índice de produtividade fosse igual ou superior a 250 ovos por ano podiam continuar a viver na granja como galinhas poedeiras. O granjeiro estabeleceu, inclusive, um sistema de “mérito galináceo”: as galinhas que botavam mais ovos recebiam mais ração. As galinhas que botavam menos ovos recebiam menos ração.
As galinhas cujo índice de produtividade fosse igual ou inferior a 249 ovos por ano não tinham mérito algum e eram transformadas em cubinhos de caldo de galinha.
Acontece que conviviam com as galinhas poedeiras, galináceos peculiares que se caracterizavam por um hábito curioso. A intervalos regulares e sem razão aparente, eles esticavam os pescoços, abriam os bicos e emitiam um ruído estridente e, ato contínuo, subiam nas costas das galinhas, seguravam-nas pelas cristas com o bico e obrigavam-nas a se agachar. Consultados os relatórios de produtividade, verificou o granjeiro que isso era tudo o que os galos – esse era o nome daquelas aves – faziam. Ovos, mesmo, nunca, jamais, em toda a história da granja, qualquer um deles botara. Lembrou-se o granjeiro, então, das lições que aprendera na escola, e ordenou que todos os galos fossem transformados em cubos de caldo de galinha.
As galinhas continuaram a botar ovos como sempre haviam botado: os números escritos nos relatórios não deixavam margens a dúvidas. Mas uma coisa estranha começou a acontecer. Antes, os ovos eram colocados em chocadeiras e, ao final de vinte e um dias, eles se quebravam e de dentro deles saíam pintinhos vivos. Agora, os ovos das mesmas galinhas, depois de vinte e um dias, não quebravam. Ficavam lá, inertes. Deles não saíam pintinhos. E, se ali continuassem por muito tempo, estouravam e de dentro deles o que saía era um cheiro de coisa podre. Coisa morta.
Aí o granjeiro científico aprendeu duas coisas:
Primeiro: o que importa não é a quantidade dos ovos; o que importa é o que vai dentro deles. A forma dos ovos é enganosa. Muitos ovos lisinhos por fora são podres por dentro.
Segundo: há coisas de valor superior aos ovos, que não podem ser medidas por meio de números. Coisas sem as quais os ovos são coisas mortas”.
Esta parábola é sobre a universidade. As galinhas poedeiras são os docentes. Corrijo-me: docente, não. Porque docente quer dizer “aquele que ensina”. Mas o ensino é, precisamente, uma atividade que não pode ser traduzida em ovos; não pode ser expressa em termos numéricos. A designação correta é pesquisadores, isto é aqueles que produzem artigos e os publicam em revistas internacionais indexadas.
Artigos, como os ovos, podem ser contados e computados nas colunas certas dos relatórios.
As revistas internacionais são os ninhos acreditados. Não basta botar ovos. É preciso botá-los nos ninhos acreditados. São os ninhos internacionais, em língua estrangeira, que dão aos ovos sua dignidade e valor. A comunidade dos produtores de artigos científicos não fala português. Fala inglês.
Como resultado da pressão “publish or perish”, bote ovos ou sua cabeça será cortada, a docência termina por perder o sentido. Quem, numa universidade, só ensina, não vale nada. Os alunos passam a ser trambolhos para os pesquisadores: estes, em vez de se dedicarem à tarefa institucionalmente significativa de botar ovos, são obrigados pela presença de alunos a gastar seu tempo numa tarefa irrelevante: ensino não pode ser quantificado (quem disser que o ensino se mede pelo número de horas/aula é um idiota).
O que está em jogo é uma questão de valores, uma decisão sobre as prioridades que devem ordenar a vida universitária: se a primeira prioridade é desenvolver, nos jovens, a capacidade de pensar, ou se é produzir artigos para atender a exigência da comunidade científica internacional de “publish or perish”.
Eu acho que o objetivo das escolas e universidades é contribuir para o bem estar do povo. Por isso, sua tarefa mais importante é desenvolver, nos cidadãos, a capacidade de pensar. Porque é com o pensamento que se faz um povo. Mas isso não pode ser quantificado como se quantificam ovos botados. Sugiro que nossas universidades, ao avaliar a produtividade dos que trabalham nela, dêem mais atenção ao canto do galo…"

In: ALVES, Rubem. Entre a Ciência e a Sapiência. O Dilema da Educação. 6ªed. São Paulo: Ed. Loyola, 2001. p. 67-71.
 

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Espaços Colaborativos 

28/02/2010

Depois de tudo o que disseram e que concordo na totalidade, penso que temos que repensar esta questão da "papinha feita" ... parece-me que ainda estamos a pensar com cabeça no passado em tempos de presente/futuro... ficamos com receio de não sermos capazes de fazer, das críticas que os outros possam fazer em relação ao nosso trabalho, etc. Estes preconceitos enraizados, estas crenças que interiorizamos por vezes limitam o nosso campo de acção e participação. 
Alguém aqui já disse, que "tanto pode servir para o bem como para o mal". Não sei se será assim, mas caso assim seja, a questão que me parece é levar as pessoas a utilizarem para o bem. Mas aqui põe-se a questão, e o que é o bem? É recriar os materiais dos outros? É utilizá-los tal e qual eles nos são dados? É...? 
Nos tempos que correm, o pronto a vestir é o nosso dia a dia, a uniformidade a nossa tendência. Para mim fará pouco sentido temer a "papinha feita"... quanto mais houver mais hipóteses eu tenho de escolher e excluir o que não me interessa. Ela é um produto da nossa sociedade e cultura e será cada vez mais frequente, quer queiramos, quer não!
E quantos mais de nós partilharmos a "papinha feita" mais ela passará a ser habitual entre nós, e menos importância daremos ao assunto, focando a atenção no que é realmente importante, a qualidade das práticas. 
O que me parece que temos que ultrapassar são estes nossos medos (os tais do pássaro da alma) que nos atrofiam, não nos deixam expressar, participar, fazer valer a nossa voz (as vozes não tem que ser todas iguais e em sintonia), e os nossos pontos de vista. Quem escreve e é lido, quem partilha e é usado, torna-se útil ao outro contribuindo para que cada um encontre os seus caminhos e as suas alternativas.

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Glicéria Gil Portimão, Portugal